A Cultura paraibana perdeu uma das suas grandes personalidades: O pianista, maestro, professor, compositor e escritor José Alberto Kaplan.
No dia 29 de junho de 2009 ele nos deixou, aos 74 anos de idade, vitimado pelos males de uma doença degenerativa rara que atingiu a sua medula e contra a qual lutara duramente por 11 anos. Seu corpo foi cremado, levado pelo éter, como uma música ao longe...
Argentino naturalizado brasileiro, Kaplan chegou à Paraíba em 1961, para dar aulas de piano na “Associação Campinense Pró-Arte”. Três anos mais tarde, fixou-se em João Pessoa, para ensinar piano no Setor de Artes da UFPB - do qual, por duas vezes, foi diretor. Sua contribuição para a Cultura e mais especificamente para a música erudita na Paraíba foi inestimável. Entre tantas realizações, idealizou a Orquestra de Câmara do Estado da Paraíba, da qual foi regente, o Festival de Verão de Areia - de repercussão nacional e foi um dos fundadores do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba, de onde foi professor. Compositor premiado nacionalmente, o maestro deixou inúmeras e valiosas obras, dentre as quais a “Cantata para Alagamar”, quando, segundo Luiz Augusto Crispim, “o maestro realizou a grande obra diante do seu mundo, e para além dos limites do seu tempo. Deixando pintado assim, na Paraíba, o seu próprio retrato. Retrato do artista quando eterno”. Escreveu livros de técnicas de ensino de piano e suas memórias, que foram registradas no livro “Caso me esqueça(m)” .
Tive o privilégio de conviver com ele. Homem de enorme carisma, íntegro, disciplinado e inteligentíssimo, de vasta cultura, com raciocínio rápido e aguçado senso de humor (certa feita, fazendo-lhe uma visita com minha namorada - que ele acabara de conhecer - iniciei aquela conversa boba de consolar doente. Ele estampou seu sorriso largo e disse: “Pimentum in anus outrem refrescus est”). Casado com a minha irmã Márcia, por duas vezes acolheu-me na sua casa - em dois difíceis momentos da minha vida. Incentivou a minha carreira, deu-me conselhos, sempre gentil e conciliador. Com a saudade ficará a minha gratidão.
Jamais esquecerei as tardes em que pintava em sua casa, ouvindo-o com os seus alunos ao piano, como uma música ao longe... BRAVO, MAESTRO. BRAVÍSSIMO!
Castelo Branco, Paraíba, Brasil, 02 de julho de 2009.
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